Impressões do antes (ou, eu irei, ele irá...eles irão). No princípio era o verbo, a verba, e depois o destino. Para além de assumir a tradução portuguesa homónima do verbo propício à viagem, quando o Irão se torna destino e não verbo conjugado no futuro do indicativo, é pelo fascínio que ele provoca que se decide roer caminho até lá! Por ser um país embriagado em costumes alimentados pela sua língua - o farsi, pela sua história, por aquela religião - o Zoroastrismo, pelo seu povo, e até pela sua polícia, a dos costumes. Durante trinta dias vestimos essa cultura com vontade de saber o que é ter aquela visão, esta audição, muito paladar, algum tato e um olfato persa, no masculino e no feminino. Fazemos as malas do estrito necessário, dobrando a novidade e o inesperado para deixar espaço para o que trouxermos de lá.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Esfahan, a sedutora



7 letras dão nome à cidade. Esta ganha vida na boca dos Persas, com todas as letras pronunciadas em cheio e um H solto por um sopro, diferenciando-o do "irmão" mudo. 

3 - A seguir a Teerão e Mashhad, Esfahan é considerada a terceira maior cidade do Irão com 1,583,609 pessoas no seu espaço. Cosmopolita e turística, Esfahan revela-se como um promontório sobre as riquezas e belezas da arquitectura persa e do seu esplêndido artesanato. O universo das carpetes, dos têxteis, da pintura, do artesanato de cobre e de madeira fazem uma vénia à cultura tradicional persa e sobretudo à época áurea de Shah Abbas o Grande, rei da dinastia safávida de 1587 a 1629. Graças a ele, hoje em dia, Esfahan é o destino turístico mais procurado pelos Persas.

1047 / 1598 – Em 1047, os turcos seljúcidas fazem de Esfahan a sua capital, durante 180 anos. Quando os mongóis decidem meter um fim a esse reino, Esfahan só voltará a revelar a sua grandeza em 1598, quando é proclamada novamente capital, mas desta vez pelo Safávida, Shah Abbas o Grande. Shah Abbas capricha então a cidade, explorando o seu potencial até esta ser invadida por Afegãos em 1722. 

½ - Esfahan é metade do mundo ("Esfahān nesf-e jahān ast") alega um célebre provérbio persa, desde o século XVI. Em poucas palavras desenha-se a supremacia da cidade nos tempos em que o império atingia um auge de excelência. Esta rima chave tornou-se um pretexto promocional de uma cidade de obrigatória passagem turística, com selo de qualidade. 

– (wow, em que língua for) é provavelmente a onomatopeia mais pensada, sentida e exprimida na cidade de Shah Abbas. As mesquitas Masjed-e Jameh, Masjed-e Shah e Masjed-e Sheikh Lotfollah afirmam-se verdadeiros museus a céu aberto. "Wow" incansavelmente recupera forças, ao infinito, e volta a fazer parte do nosso vocabulário para durante dias, de Esfahan até à margem sul do Tejo ser louvada a ornamentação persa e a sua arquitectura religiosa.

89,600 m2 –  representa a área ocupada pela praça Naghsh-e Jahan. Uma das maiores praças do mundo, e um concentrado de arquitectura e convívio familiar e social iraniano foi designada património mundial pela UNESCO.  Com todas as razões para ser uma das praças mais vaidosas, esta é rodeada por um bazar fabuloso, pelas mesquitas mais espantosas do Irão e pelo palácio do Rei Shah Abbas. Nela, a natureza converge disciplinada em filas organizadas de árvores e domesticada com espaços de relva lisa como uma carpete cercando uma fonte rectangular. 

11 pontes históricas juntam, uma a seguir à outra, as duas margens do rio Zayandeh, em Esfahan. A ponte Khaju, talvez a mais encantadora, cumpre uma função comunicativa entre as duas margens. Porém, quando a noite cai, a comunicação deixa a geografia para trás e denuncia servir mais as pessoas entre si que dois pontos separados por um curso de água oriundo das montanhas. Os noctívagos elegeram a sua ponte de encontro, acolhedora e majestosa, onde a luz e a sombra brincam à apanhada nos arcos improvisados em pátio de recreio, até o nascer do sol.

400 são os quilómetros percorridos pelo rio Zayandeh. Esfahan deita-se na fralda das montanhas Zagros pelas quais o rio segue o seu percurso até furar o coração da cidade sedutora, para desanimar no deserto Kavir. 

0 gotas do rio deixaram-se observar. Não fomos embalados pelo Zayandeh nos 297 metros da ponte Khaju. O Zayandeh fez-se tímido tal como as chuvas do ano, deixando a epiderme da superfície seca e rachada, estranhamente lunar.

2 – Fesejan, um prato típico de Esfahan, apresenta-se como um guisado de borrego ou pato mergulhado em molho de romã e nozes. O fesenjan abraçou, por duas vezes, o nosso paladar em conforto.

20 foi o número de vezes que falámos em voltar, a comer esse mesmo prato típico de Esfahan.
















1 comentário:

  1. Esta cidade é um cenário de sonhos! Parabéns pelas fotos. Também gostaria de ver imagens da ponte Khaju...
    Saudações do Brasil!

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