Impressões do antes (ou, eu irei, ele irá...eles irão). No princípio era o verbo, a verba, e depois o destino. Para além de assumir a tradução portuguesa homónima do verbo propício à viagem, quando o Irão se torna destino e não verbo conjugado no futuro do indicativo, é pelo fascínio que ele provoca que se decide roer caminho até lá! Por ser um país embriagado em costumes alimentados pela sua língua - o farsi, pela sua história, por aquela religião - o Zoroastrismo, pelo seu povo, e até pela sua polícia, a dos costumes. Durante trinta dias vestimos essa cultura com vontade de saber o que é ter aquela visão, esta audição, muito paladar, algum tato e um olfato persa, no masculino e no feminino. Fazemos as malas do estrito necessário, dobrando a novidade e o inesperado para deixar espaço para o que trouxermos de lá.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Gol-e Razaieh - Revolução entre pratos, Teerão







Se era possível fazer vida de bazar, mesquitas e restaurantes tradicionais era, mas quando se entra no Gol-e Razaieh sente-se que se presencia a algo peculiar, diferente do que vimos até agora. Com 75 anos de existência, Gol-e Razaieh é um dos cafés mais antigos de Teerão.

Revela-se como uma pérola de resistência contra as restrições do governo. Quem o abriu foi o avô dos dois jovens que o gerem neste momento. Quem o decorou foi o tio artista. Graças a ele, as paredes vestem-se de posters de The Beatles, Queen, Pink Floyd, The Doors e tantos outros. Na entrada, um retrato de Bob Marley está exposto, vizinho ao de Che Guevara, prontos a vociferar liberdade e revolução.

Tal decoração parece comum em qualquer café europeu ou quarto de adolescente, mas quando afirma-se numa rua movimentada de Teerão (Sir Tir Street) torna-se motivo para o café sofrer de constantes ameaças de ser fechado. A música jazz e rock transforma--se no braço direito deste espírito contestatário.

Era um favorito dos artistas, jornalistas, e autores até a revolução. Hoje em dia continua a ser frequentado por alguns deles. Orgulhosos da presença de um dos autores mais importantes da literatura persa, a mesa onde se sentou Sadeghhedagat não é utilizada por mais ninguém desde a sua morte mas continua posta e é limpa todos os dias religiosamente.

Juntando o útil ao agradável, o que nos levou até lá foi o Khroresht caseiro difícil de encontrar noutro sítio da cidade. Prato tradicional iraniano, quem se cola aos tachos é a mãe. Foram-nos servidos dois tipos de Khoresht. Gheymeh é ensopado de carne de vaca com ervilhas amarelas, tomate e batata temperado com canela, pimenta preta e açafrão e o Khoresht Karafs é um ensopado de borrego acompanhado com aipo, menta, salsa com sumo de limão.













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